O final do fim de semana

Foram longas horas naquele engarrafamento... Foram muitos sentimentos... A raiva de estar presa ali, a ansiedade de chegar logo, o cansaço de uma longa jornada iniciada muitas horas antes, a felicidade de finalmente ser final de semana, a dúvida de uma expectativa... Mas, qual deles a fizera correr tanto pra chegar ali? Foi o que ela se perguntou o caminho todo. E sentia uma estranha esperança, sentiu que ganhara dela um par de asas que faziam com que ela constantemente voasse pra longe dessa realidade...
E foi com asas assim que finalmente "voou" pra casa, chegou eufórica, família finalmente, gente finalmente, diálogo finalmente!
"Eu sei que já combinei de passar por lá... Mas queria que ele não desistisse de mim pra que eu possa desistir disso que planejei"... Ai quantas minhocas minhocando na cabeça! Foi assim até a primeira desculpa... Mais um desencontro? Vamos pro banho... "Vai destino, tá na suas mãos!"
E o destino... largou mão pelo jeito? Ou será que foi ele? Ou será que foram os dois?
Vamos nessa... mas essas asas... a desprendê-la da realidade...
Vamos pra cama... e essas asas... levando-a ao mundo dos sonhos... (ou ilusões?)
Vamos sair daqui... e essas asas... não querendo ir...
"Asas... vamos voltar? Vamos!" E lá foi ela correndo de novo... dotada dessas asas de resignação...
A espera se fez contínua... mas a passagem das horas também...
Acabou o final de semana... acabou-se a pressa...
Acabou que ela correu pra acabar de volta no ônibus... acabou como se nunca tivesse levantado dali...
Acabou em casa, sozinha de novo...
Despiu as asas... e a esperança, foi caindo gota a gota... até que não restasse mais nada, e o coração ficasse assim miúdo... batendo assim bem de mansinho... bem quietinho...
Sorriu ao ler uma mensagem, sentiu felicidade por ainda haver importância, mas a vida se mostrou tão irônica...
Andar por aí com asas foi algo tão bom... mas se elas não tem onde pousar, elas apenas cansam.
Talvez um dia, quem sabe elas sejam úteis...
Por enquanto vão ficar ali no canto da gaveta...
E ela então sentiu seus pés no chão, sentiu o gelado dele, o peso do corpo e a fatalidade da segunda-feira.


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