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Mostrando postagens de agosto, 2010

Nos braços

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E ela pensou que estar ali poderia durar toda a eternidade... podia deixar o corpo dele repousar no seu colo a vida inteira... Ali estava melhor que a noite inteira... e de tudo, só isso fez valer a pena. Mesmo que no final não haja recordação do momento ou mesmo consciência de que este tenha existido para ele, mesmo que o contemplar ou os cafunés fiquem registrados apenas no corpo dela, mesmo que no final de tudo ele tenha apenas ido embora. "Se ele apenas imaginasse..." desejou... porque a esperança ali estava a cutucar... porque o sentimento ali estava a despertar... porque nunca pôde estar ali tão perto como sempre quisera estar... porque mesmo que nem haja o que esperar, ali ao menos podia sonhar... E para ela a vida agora parecia tão simples e fácil... e ele lhe parecia tão frágil e perdido... ainda que toda atitude dele tentasse passar o contrário, ainda que palavra alguma proferida por ele lhe dissesse o provável... E ela nunca quis proteger tanto aquele ser.

A descoberta do amor

       “[...] Quando criança, e depois adolescente, fui precoce em muitas coisas. Em sentir um ambiente, por exemplo, em apreender a atmosfera íntima de uma pessoa. Por outro lado, longe de precoce, estava em incrível atraso em relação a outras coisas importantes. Continuo, aliás, atrasada em muitos terrenos. Nada posso fazer: parece que há em mim um lado infantil que não cresce jamais.         Até mais que treze anos, por exemplo, eu estava em atraso quanto ao que os americanos chamam de fatos da vida. Essa expressão se refere à relação profunda de amor entre um homem e uma mulher, da qual nascem os filhos. [...] Depois, com o decorrer de mais tempo, em vez de me sentir escandalizada pelo modo como uma mulher e um homem se unem, passei a achar esse modo de uma grande perfeição. E também de grande delicadeza. Já então eu me transformara numa mocinha alta, pensativa, rebelde, tudo misturado a bastante selvageria e muita timidez.        Antes de me reconciliar com o processo da vida, no

Na vida

É, eu tinha dessas coisas, eu tinha desses momentos, de coisas que, vai entender, sei lá, me faziam sentir mais viva... Momentos que, eu sei, outros sabem do que estou falando... Talvez seja mais fácil se eu descrever: é só imaginar AQUELA chuva sobre a cabeça, caindo sem parar, com gotas pesadas, quase sem sentir que existe ar em volta de você, mas que lava a alma e acaba só por restar apenas esse exato momento... Ou aquela noite FRIA em que você sai só por sair e que quase te mata de TÃO congelante, mas o céu está tão limpo e você pode ver as estrelas tão claramente que isso já nem importa... Ou estar sentado em cima de uma pedra que te custou muito pra subir e ver AQUELE pôr-do-sol... que pode não ser o mais belo que já existiu, mas que no momento não poderia ser mais perfeito... Ou ficar à sombra de uma árvore num dia de sol lendo Fernando Pessoa... Ou pular na água de roupa e tudo num dia BEM quente... Momentos assim, que quando me voltam, vem quase tão reais, que pareço estar al
Faz um tempinho que vi... acho que deveria rever... Sei lá, quem sabe...

Não Quero

Não quero alguém que morra de amor por mim… Só preciso de alguém que viva por mim, que queira estar junto de mim, me abraçando. Não exijo que esse alguém me ame como eu o amo, quero apenas que me ame, não me importando com que intensidade. Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim… Nem que eu faça a falta que elas me fazem, o importante para mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível… E que esse momento será inesquecível… Só quero que meu sentimento seja valorizado. Quero sempre poder ter um sorriso estampando em meu rosto, mesmo quando a situação não for muito alegre… E que esse meu sorriso consiga transmitir paz para os que estiverem ao meu redor. Quero poder fechar meus olhos e imaginar alguém… e poder ter a absoluta certeza de que esse alguém também pensa em mim quando fecha os olhos, que faço falta quando não estou por perto. Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúncias e loucuras, alguém me valoriza pelo que sou

Not yet

Ainda Nada ainda se cumpriu mas tudo se pressente e prepara como um presente: uma torrente de palavras inflamadas,                       ou corpos curiosos impondo um silêncio quente e úmido, um único abraço, muito longo, primeiro escondendo, sem graça, o gelo das mãos, e então derretendo, escorregando até ser inteiro, extenuando o desejo, que renascerá do nada, num beijo. Vânia Belmont Acabei com o pacote fechado nas mãos...